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domingo, 31 de janeiro de 2010

O massacre mórmon em Monte Meadows

Ou Como a religião torna os homens tão estúpidos.

Massacre mórmon volta à tona 146 anos depois
Igreja Mórmon é pressionada por parentes de vítimas da chacina de Monte Meadows a pedir desculpas

Sally Denton*
The New York Times
Notícia publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 1 de junho de 2003

SANTA FÉ, Novo México - Neste verão, quando as famílias perambularem por todos os Estados Unidos visitando locais históricos, existe um local - o Monte Meadows, no sudoeste de Utah - que não fará parte de muitos itinerários. O Monte Meadows, que fica a duas horas de carro de um dos destinos turísticos mais populares do Estado, o Parque Nacional Zion, é o local que o historiador Geoffrey Ward chamou de "o exemplo mais hediondo do custo humano cobrado pelo fanatismo religioso na história americana até o 11 de setembro".

E embora possa não ser um destino turístico importante, por um século e meio o massacre tem sido o foco de um debate acalorado entre os mórmons e a população de Utah. É uma discussão que atinge o cerne dos dogmas básicos do mormonismo. Isso, a mancha mais escura da história da religião, é uma realidade amarga e uma situação desafiadora para a moderna Igreja Mórmon, que luta para se livrar de sua história de extremismo.

Em 11 de setembro de 1857, em um monte no sudoeste de Utah, uma milícia da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, ou mórmons, atacou um comboio de famílias de Arkansas a caminho da Califórnia. Após um cerco de cinco dias, a milícia convenceu as famílias a se entregarem sob a bandeira da trégua e a promessa de travessia segura. Então, na pior carnificina de pioneiros brancos contra outros pioneiros brancos de toda a história da colonização dos EUA, aproximadamente 140 homens, mulheres e crianças foram mortos. Só 17 crianças com menos de 8 anos - a idade da inocência pela crença mórmon - foram poupadas.

Após a matança, a igreja primeiro alegou que os responsáveis tinham sido os índios Paiute, mas, à medida que surgiram provas do envolvimento dos mórmons, a igreja pôs toda a culpa em John D. Lee, um membro da milícia e mórmon fanático que também era o filho adotado do profeta Brigham Young.

Após quase duas décadas, como parte de um acordo para a transformação em Estado, Lee foi fuzilado em 1877. A igreja tem consistentemente negado a responsabilidade - rotulando Lee de renegado -, mas muitos historiadores acreditam que os líderes mó+rmons, embora nunca tenham sido processados judicialmente, ordenaram o massacre.

Agora, passados 146 anos, os descendentes de Lee e os parentes das vítimas vêm pressionando a Igreja Mórmon por um pedido de desculpas. O movimento por algum reconhecimento oficial por parte da igreja começou no final da década de 80, quando um grupo de descendentes de Lee, entre eles um ex-secretário do Interior dos EUA, Stewart Udall, começou a trabalhar para limpar o nome de seu ancestral.

Em 1990, descendentes das vítimas e dos perpetradores começaram a insistir com a Igreja Mormon para admitir a responsabilidade pelo morticínio e para reconstruir um marco em ruínas levantado no local por soldados do Exército americano, em 1859.

O atual presidente da Igreja, Gordon B. Hinckley - ele próprio um profeta que diz receber revelações divinas - tomou um interesse pessoal pelo episódio e, em 1998, concordou em restaurar o marco, onde ao menos alguns dos corpos estavam enterrados. Mas mesmo essa concessão acabou criando uma polêmica quando, em agosto de 1999, uma escavadeira da empreiteira contratada pela igreja desenterrou acidentalmente os ossos de 29 vítimas.

Após um debate entre autoridades de Utah e líderes da igreja sobre leis estatuais que exigem que ossos desenterrados sejam examinados por legistas para determinar a causa da morte, a igreja mandou enterrar rapidamente os restos mortais sem um exame mais detalhado que poderia ter chamado a atenção para a brutalidade dos assassinos. Um mês depois, em 10 de setembro de 1999, quando descendentes dos autores e das vítimas se reuniram para inaugurar um monumento financiado pela igreja no qual esperavam que houvesse um serviço religioso "curador", ambos os lados ficaram desapontados pelos comentários de Hinckley.

Ele continuou a negar a responsabilidade da igreja, chegando a acrescentar uma exoneração de responsabilidade jurídica que muitos consideraram afrontosa. "Que aquilo que nós fizemos aqui nunca seja interpretado como uma admissão por parte da igreja de qualquer cumplicidade nas ocorrências daquele dia fatídico", disse. Muitos consideraram esse discurso uma tentativa de evitar processos judiciais.

Mas a recusa da igreja em desculpar-se é mais complicada. Numa época em que religiões no mundo inteiro estão reconhecendo e mostrando arrependimento pelos pecados do passado, o massacre deixou a Igreja Mórmon num dilema.

Católicos romanos se desculparam pelo seu silêncio durante o Holocausto, metodistas unidos, pelo massacre de índios americanos durante a Guerra Civil americana, batistas sulistas, pelo apoio à escravidão, e luteranos, pelos comentários anti-semitas feitos por Martin Luther King.
Mas, diferentemente dos líderes de outras religiões que se acreditam guiados pela mão de Deus, os profetas mórmons são considerados uma extensão de Deus.

O reconhecimento da cumplicidade por parte dos líderes da igreja poria em dúvida a questão da divindade de Brigham Young e a crença mórmon de que são o povo escolhido por Deus.

Acreditando estar fazendo trabalho de Deus livrando o mundo de "infiéis", os fanáticos mórmons evangélicos cometeram uma das maiores atrocidades civis em solo americano. Sem uma verdadeira tentativa de prestação de contas e reparação, a igreja não escapará da sombra desse crime horrível que paira sobre ela.

* Sally Denton é autora do livro American Massacre: The Tragedy at Mountain Meadows, September 1857 (Massacre americano: a tragédia no Monte Meadows, setembro de 1857)
.

15 comentários:

Carlos Thunder 5 disse...

Absolutamente ótimo seu blog!
Inacreditável é sou o 1º seguidor!!rs
Sobre o post...vi o filme..e vou procurar ler esse livro!
Vou replicar seu post no meu blog,onde mostro o que há de interessante nos outros blogs!
Realmente o assunto é muito interessante,e quase ninguém sabe disso!
PARABÉNS!
.....11 de setembro héin...
ABRAÇO
BLOG THUNDER 5
http://blogthunder5.blogspot.com

Sergio Mauricio disse...

Valeu pelo apoio! A proposta é apenas trazer temas interessantes e polêmicos que possam instigar a reflexão nos leitores.

Anônimo disse...

Acabei de assistir o filme "Setembro Negro", que retrata o massacre em Nome de Deus. Fique nauseado com a brutalidade e selvageria em nome do Jeová.

euamonena disse...

muito interessante saber que acreditam que matar é um pecado cometido por demonios, e os supostamente enviado por deus fazem papel de demonio na terra.........

cap wilson prado filho disse...

cadê os nomes das denominações que perseguiam os mormons assassinando seus seguidores deixado centenas de mulheres viúvas? os mormons deixaram seus lares e migraram para fugir dos fanáticos que os assassinavam. os mormons criaram as milicias para se defender dos seus atacantes. essa história é sempre mal contada porque só mostra um lado da moeda. por que o lider da milícia foi adotado? porque seu pai foi brutalmente assassinado por perseguidores fanáticos das igrejas tradicionais. pesquisem direito antes de julgar. ai dos que ainda perseguem os mormons porque são inspirados por lúcifer e terão toda uma eternidade para se arrepender. Missionário da verdade, por que vc não mostra a sua cara? meu nome é wilson prado e meu cpf é 51192276787, me acha se és valente da verdade mesmo.

Anônimo disse...

Gente, só pela ultima frase contida no post do cap wilson prado souza, ameaçadora e chamando literalmente um dos comentaristas para a briga, é que dá pra perceber que esse massacre em Monte Meadows foi capitaneado por pessoas da mesma estirpe dele... Isto sim é que é estar inspirado em lúcifer, sr. Capitão! Por isso, só pra me proteger contra a sua fúria, é que esse meu post será anônimo.

Anônimo disse...

Mais uma crueldade do ser Humano e suas crenças malucas. 11 de Setembro, que data eM. E que babaca, ate CPC, grande babaca.

Cel. Sandokan disse...

O massacre do Monte Meadows, é uma das mais pura aberrações realizadas pelo homem, algumas doutrinas para se firmar no poder, arrendavam vidas de inocentes em nome da fé, usavam infanticídios, assassinatos e as piores e horrendas torturas que o homem pode fazer tudo em nome de creças que hoje se dizem cristãos, me poupe de tanta demagogia e pervessidade em nome de Deus...

Danylo disse...

so falarei isso deixem de ser babacas e vão conhecer a verdade e ñ fiquem anonimos de a cara a tapa pelo que vc acredita a meu nome e danilo batizado a 4 anos na unica igreja verdadeira da face da terra e cap.wilson estamos junto

Sergio Mauricio disse...

Expressões como "única igreja verdadeira" ou "povo escolhido", além de outras insanidades assemelhadas, apenas ressalta o caráter intolerante e raivoso das diversas denominações religiosas. Todas são capazes de promover tal barbárie comentada no texto, pois essa é uma característica imanente do sentimento religioso: o ódio e o desprezo pelo próximo. E alguns dos comentários aqui postados apenas ilustram a afirmação. Pobre ser humano que se escraviza nas religiões.

Anônimo disse...

isso é o maior boato que eu já vi
primeiro eu conheço a historia de varias religiões principalmente a dos mormos e sei muito sobre eles eles tem um melhor meio de vida social de paz e não foi os mormos que matarão , forão as pessoas que perseguição a igreja dos mormos ,que atacaram eles eu sei isso porque já li quase tudo sobre eles inclusive vi um diário que prova a inocência deles, esse diário era da família descendente dos que foram mortos não poste nada sem saber eu sou da faculdade que estuda os humanos

Anônimo disse...

Gostaria dizer o seguinte , desde de o início dos tempos que matam em nome Deus. Eu acredito que exista sim um , mas acreditar que Deus vem matando pessoas em prol de outras isso sim é ignorância , agora quanto às pessoas que acreditam em tais situações essas sim são doentes , loucas, Deus nunca matou ninguém, quem mata as pessoas são idiotas que se intitularam ou se intitulam pastores , missionários , bispos , padres , papa, e outros nomes de merda.O povo sempre foi fraco e continua sendo. O são criadas são seitas onde um pequeno grupo se dão bem politicamente e financeiramente.

Anônimo disse...

FOI POR ISSO QUE SOLTEI FOGUETES NO DIA 11 DE SETEMBRO DE 2001. As forças conspiraram contra eles 146 anos depois, traíram Bin Laden, Tiraram a Rússia do Afeganistão por causa de petróleo, violentaram o povo Afegão de 1992 a 1996... SOLTEI FOGUETES

Anônimo disse...

E estes mormons continuam nos espionando com as duplas engravatadas. Conversem com eles e verão tudo isto continua neles...

Unknown disse...

Quer dizer então ,que o mal tem que ser combatido com o mal? Vc não acha que só a Deus cabe tal julgamento?

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